Curtir as férias ao lado de seu mais fiel amigo, tirar belas fotos e deixar o bichinho feliz: esse é o sonho de quem planeja uma viagem ao lado de seu animal de estimação. Há inúmeros roteiros, que variam de acordo com o temperamento, a capacidade física e com os hábitos de cada bicho. Mas para que as recordações sejam as melhores possíveis, planejar cada etapa é fundamental para garantir uma viagem tranquila, segura e confortável tanto para o pet como para seu dono.
Antes das malas
“Uma viagem planejada e organizada com antecedência não só vai evitar problemas como também vai fazer com que o seu animal de estimação sofra menos com as mudanças de ambiente no período”, comenta Paulo Carvalho de Castilho, presidente da Associação Brasileira de Clínicos Veterinários (Anclivepa Brasil). Fatores importantes como o clima e a distância do destino, as condições de viagem e o espaço em que o animal ficará hospedado devem ser checados o quanto antes para saber que cuidados devem ser tomados. E, é claro, verificar se o local de hospedagem aceita animais.
Larissa Rios, dona da agência de viagens Turismo 4 Patas, especializada em roteiros com bichos de estimação, lembra que as condições de saúde do pet precisam estar impecáveis, com as vacinas em dia, sem nenhum sintoma de doença (movimentando-se e alimentando-se normalmente) e protegido contra pulgas e carrapatos. “Isso é o básico. Proteções extras podem ser consideradas como, por exemplo, coleiras e vacinas contra o mosquito da Leishmaniose”, diz.
O temperamento e a obediência do animal também devem ser levados em conta antes de começar o planejamento: é preciso que ele seja dócil e responda a comandos do dono. “Deve ser um animal sociável e amigável tanto com outros animais quanto com outras pessoas. Um adestramento básico é recomendável; caso contrário, a viagem poderá ser um transtorno”, aconselha Larissa.
Trilha ecológica
A dona da agência de viagens comenta que as trilhas ecológicas são os destinos preferidos dos bichinhos. “É uma oportunidade de desfrutarem de liberdade, espaço e do convívio com a natureza. Eles adoram correr soltos, sentir os cheirinhos do mato, se sujar de lama, se permitir ser o que são: animais.” Mas antes de bancar o personagem de histórias em quadrinhos Tintim, que vivia grandes aventuras com seu cão Milu, verifique se o grau de dificuldade do roteiro está adequado para as condições físicas do seu bichinho.
É importante não forçar uma caminhada para um cão que não está acostumado a atividade física regular. “Os animais também têm limitações, mas não têm consciência disso: acabam acompanhando o dono nas caminhadas e brincadeiras até chegar a um desgaste físico em que tenha que ser medicado para reverter a situação”, alerta Paulo.
Programa rural
Tenha cuidado e apresente, pouco a pouco, as atividades para o bichinho, e verifique a receptividade dele. “Descer as corredeiras de um rio num bote com um peludo que tem (comprovadamente) pavor de água só vai traumatizá-lo para o resto da vida”, exemplifica Larissa.
O veterinário Paulo recomenda alerta com acidentes em rios e cachoeiras, além de ficar atento para a aproximação do pet de plantas tóxicas. “Também é preciso tomar cuidado com animais peçonhentos (cobras, aranhas) e manter o animal sempre hidratado.”
Hotéis-fazenda e complexos de diversão no campo costumam ser os mais receptivos a animais de estimação. Geralmente, são espaços cercados que oferecem liberdade para o bichinho de movimentar sem muitas preocupações. “Mas é importante se certificar de que você terá o controle do seu animal no momento em que ele avistar outros animais como cavalos, galinhas e bois”, comenta Larissa. “Eles nem sempre são muito amigáveis no caso de aproximações bruscas, daí a importância da obediência.”
Praias
Levar animais de estimação ao litoral requer cuidados extras. Leis municipais regulam a permanência de bichos nas praias, e a maior parte dos municípios brasileiros proíbe a frequência de pets nas areias. “O grande risco para a saúde, nesse caso, são as fezes do animal, que pode conter larva migrans, e um aumento de coliformes fecais na areia”, explica Adriana Sotero, pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). A larva migrans é responsável por uma doença conhecida como bicho-geográfico.
“Há algumas opções, como Ilhabela (SP), onde existe até um projeto para criar uma praia canina, e Santos (SP), em que animais de pequeno porte podem ficar no colo dos donos”, revela Larissa. Mas além de verificar a legislação local, a principal recomendação é escolher horários tranquilos e trechos em que haja menos gente na areia. Manter o animal na guia e sob controle também é essencial. “Fins de semana não são recomendados. As praias ficam lotadas e nem mesmo o próprio pet vai se sentir bem”, comenta.
“Não tem como evitar que o animal faça suas necessidades na areia, e nem sempre os donos têm conhecimento de quais verminoses estão presentes no animal e podem ser transmitidas no solo”, explica Benedito Fortes de Arruda, presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Por isso, deve-se estar atentos para recolher as fezes e evitar a proliferação de doenças.
Também é importante verificar se o animal está saudável e não vai colocar em risco a saúde de outros bichos e das pessoas. Um outro cuidado são as possíveis alergias que alguns animais podem ter nas regiões litorâneas. “Se ele apresentar algum sintoma, procure um médico veterinário no local em que você ficou hospedado”, diz o veterinário.
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Quando é melhor ficar
“Seja qual for o destino escolhido, não deixe de confirmar se o animal realmente será bem-vindo no hotel e se o local dispõe de atividades que a pessoa possa fazer junto com o animal”, comenta Larissa. “Se for para deixá-lo trancado no quarto, melhor não levar.”
Se a decisão for procurar uma hospedagem enquanto os donos viajam, o veterinário Paulo recomenda alguns cuidados. “Em casa de amigos ou parentes, verifique se eles estão preparados para receber este hóspede e se o local dificulta qualquer tipo de fuga”, diz. Se o destino for um hotel para animais de estimação, pesquise se o local tem registro no Conselho de Veterinária, se possui um médico veterinário responsável e se as instalações são seguras e limpas.
Gatos costumam ser mais ligados ao meio em que vivem e, muitas vezes sofrem mais com as viagens. “Às vezes é melhor deixá-los em um hotel para gatos ou no seu ambiente, e conseguir alguém que cuide deles”, comenta o veterinário. Se não for possível, tome o máximo de cuidado com o transporte na viagem e evite condições de estresse no ambiente em que vai se hospedar, principalmente nos primeiros dias.
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