Camelôs e comerciantes são cabos eleitorais fiéis de Bethove, que, além de latir no guia, é vendedor ambulante e promete um Hospital Veterinário Municipal e uma creche para os cães
Foto: Jéfte Amorim
Jéfte AmorimDo NE10
Qualquer um que o tenha visto na TV, durante a propaganda eleitoral gratuita, não esquece do seu "au au" de despedida. Mas o vendedor ambulante Bethove mostra que tem muito mais experiência guardada nos bigodes do que o seu latido deixa escapar. Disputando uma vaga na Câmara Municipal do Recife pelo PTC, ele tem a construção de um hospital veterinário municipal como sua principal bandeira.
Defensor dos animais, Bethove faz questão de esclarecer que a candidatura é um sonho antigo. "Eu sempre quis poder ajudar o povo como político. Desde os 22 anos, eu tenho esse sonho", destaca. Hoje, aos 62, afirma que chegou o seu momento. "Foi a minha chance. Dr. Antônio, vice-presidente regional do PTC, me chamou pra ser candidato. Aí eu aceitei", conta.
Mesmo com poucos recursos, Bethove aposta na conquista da vaga no Legislativo Municipal
Apesar da militância em defesa dos animais, Bethove esclarece que o nome não tem relação com o cão popularizado pelo cinema. "O apelido foi Mário Prazeres que botou, quando eu era vendedor de calcinhas. Era o nome do pai dele e, como ele não conseguia falar o meu, chamava assim", lembra ele, que foi batizado como Bertholdo Gonçalves de Oliveira. Entretanto, é o cão da raça São Bernardo o principal ícone de suas peças de campanha.
Dono do box de número 64 no camelódromo da Dantas Barreto, uma das mais importantes avenidas do Centro da cidade, Bethove é popular entre os camelôs. Com adesivos espalhados por todo o corredor onde trabalha, ele afirma que sente o apoio dos eleitores do local. "Aqui todo mundo é Bethove", garante.
Disputando o seu primeiro pleito, ele confessa que o mais difícil é o financiamento da campanha. "Só quem é rico é que pode pagar muita coisa. É por isso que eles ganham. A minha propaganda sou em quem faço", desabafa. No entanto se gaba de o seu slogan ter pegado. "Já tem candidato com raiva de mim porque meu slogan pegou. Aonde eu vou, tem gente dizendo: Vou votar no cachorro!", afirma.
E ele não desanima. Enquanto faz campanha nos bairros do Recife, a sobrinha toma conta do box onde vende desde canetas a aparelhos eletrônicos. "Ela é quem me ajuda. Fica aqui de manhã e, quando eu chego, de uma hora da tarde, ela vai embora com o trocadinho que ela apurou", diz. Nesse esquema, o trabalhador e sonhador persistente garante já ter visitado mais de 42 pontos da capital pernambucana.
Na corrida pelo que atesta ser o seu grande sonho - a legislatura municipal -, ele se diz emocionado quando fala em animais. Revelando que desde criança não gostava de ver os cavalos sendo chicoteadas, o homem pacato, de voz grave e grandes bigodes deixa até marejar os olhos enquanto repete o seu compromisso: "Eu vou ajudar os camelôs também, mas a primeira coisa que eu vou fazer é criar um hospital público de animais. E depois vou brigar por uma creche. Não tem pra criança, quando os pais não podem ficar?! Por que não pode ter pra bicho?", questiona.
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